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Reportagem especial

Cooperativas adotam ESG e impulsionam desenvolvimento de Goiás

Modelo de negócio tem avançado no Estado | 03.11.25 - 10:51  Cooperativas adotam ESG e impulsionam desenvolvimento de Goiás Cooperativas cooperam para a sustentabilidade ambiental, social e econômica (Foto: Canva)
Ludymila Siqueira

Goiânia -
 O mundo tem passado por uma transformação sem precedentes tanto em tecnologia como em sustentabilidade e responsabilidade social. De um lado, o mercado tem buscado soluções cada vez mais inovadoras, com uso de Inteligência Artificial e Big Data para otimizar a produção e reduzir custos. Do outro, existe uma esfera ainda maior, que visa o futuro do negócio ao utilizar a inovação com práticas ambientais sustentáveis e eficientes, pensando nas pessoas. Neste sentido e em cenário de expansão, os pilares ESG têm garantido impactos significativos. A sigla pode até parecer pequena na escrita, no entanto, é valorosa quando se trata de Ambiental, Social e Governança, características bem presentes no DNA do modelo cooperativista, que se destaca por aliar crescimento econômico ao cuidado com as pessoas e com o meio ambiente.
 
Não à toa, a cooperativa vem de cooperar, somando esforços de um trabalho conjunto para o bem comum. Visa economia, mas, muito mais do que isso, atua como agente de transformação social nas localidades onde está instalada, promovendo acesso ao emprego e renda, à educação e à sustentabilidade. Em Goiás, não é diferente, como prova disso está o crescimento e a consolidação do cooperativismo, tendo uma cooperativa do agronegócio considerada a maior empresa do Estado. Para se ter uma ideia, o território goiano já soma 274 cooperativas registradas e ativas, empregando diretamente quase 18 mil pessoas e gerando resultados expressivos ao representar mais de 20% do Produto Interno Bruto (PIB). 
 
Somente na Capital, o cooperativismo impacta cerca de 870 mil pessoas, quase dois terços da população, estimada em 1,5 milhão de habitantes. Segundo dados do Sistema OCB/GO, existem 74 cooperativas associadas e com sede em Goiânia que, juntas, reúnem 290 mil cooperados. 
 
Fiéis ao princípio cooperativista do interesse pela comunidade, o Sistema OCB-GO e as cooperativas goianas têm se empenhado para desenvolver Goiás e transformá-lo em um Estado mais sustentável, igualitário e com boa infraestrutura para a população. Nos últimos anos, investiram em setores como reciclagem, educação, esporte, economia e contribuíram para restaurações de patrimônios públicos e para iniciativas de igualdade social.
 
"As pessoas não percebem no cooperativismo a relevância que tem para a comunidade local. Pode-se dizer que é um gerador de prosperidade nas comunidades, porque os recursos gerados ficam nas localidades onde estão instaladas. Estudos comprovam que onde há um cooperativo, o PIB per capita é maior do que em cidades onde não existem cooperativas", declara Luís Alberto Pereira, presidente do Sistema OCB/GO. 
 

Presidente do Sistema OCB-GO, Luís Alberto Pereira (Foto: OCB-GO)
 
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, aponta que o cooperativismo tem crescido muito em Goiás graças a um trabalho de parceria entre a OCB/GO e todos os setores. “Esse processo contribui para melhor qualidade e distribuição de renda e índice educacional melhor”, diz Caiado ao citar resultados não apenas na economia, mas também na área social. Para o vice-governador Daniel Vilela, o cooperativismo “puxa o crescimento econômico de Goiás”. 


Vice-governador de Goiás, Daniel Vilela, e governador Ronaldo Caiado em evento de fortalecimento
do cooperativismo, em Goiânia (Foto: Wesley Costa)
 
Mas onde entra o ESG?
Até aqui, compreende-se o quanto o modelo cooperativista é importante para o desenvolvimento de um País, de um Estado, de um município e de uma comunidade. Em um cenário de constantes mudanças, especialmente climáticas, pode-se enxergar no cooperativismo o que, de fato, são os pilares ESG, com destaque para o social e ambiental. Em uma metáfora, é como se essas características "pulsassem o sangue" deste modelo de negócio. Como exemplo disso, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2025 como o Ano Internacional das Cooperativas, sob o tema "Cooperativas constroem um mundo melhor". O reconhecimento mostra como elas impulsionam o progresso nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. 


(Foto: reprodução/Canva)
 
ESG no cooperativismo representa a incorporação dos princípios Ambiental, Social e Governança à gestão e às práticas das cooperativas. Essa integração reforça a essência do próprio movimento cooperativista, que desde sua origem se fundamenta na responsabilidade social, na solidariedade e na sustentabilidade. Ao adotar estes critérios, as cooperativas reforçam o compromisso com o desenvolvimento sustentável, promovendo a redução de impactos ambientais, o bem-estar dos cooperados e das comunidades, e a transparência e ética na governança. Assim, consolidam sua credibilidade, ampliam a geração de valor coletivo e fortalecem sua imagem perante a sociedade.

Luís Alberto Pereira avalia que que o cooperativismo, por sua natureza, já possui uma vocação para as práticas sustentáveis, devido aos seus princípios e valores, como a gestão democrática, a intercooperação e o interesse pela comunidade. No entanto, o trabalho de aprimoramento dessas práticas é contínuo, sendo estratégico para o desenvolvimento e a competitividade do setor.


Sistema OCB-GO realiza Dia C de Cooperar, com atividades sociais e ambientais. O projeto é tradicional em Goiâniae
tem se expandido para diversos municípios do Estado (Foto: Sistema OCB-GO)

Segundo ele, o Sistema OCB/GO atua como um grande indutor, oferecendo capacitações, ferramentas e consultorias especializadas para que as cooperativas não apenas continuem praticando ações positivas, mas também consigam documentar, reportar e ampliar o impacto de suas iniciativas. "Aplicamos em Goiás uma solução desenvolvida pelo Sistema OCB Nacional, o ESGCoop, fundamentada na metodologia de avaliação de performance e análise de indicadores de sustentabilidade. Além disso, o SESCOOP/GO, braço de formação do Sistema OCB/GO, promove cursos, palestras e missões de capacitação sobre ESG, sustentabilidade, governança e temas correlatos. Um exemplo disso é a participação de cooperativas goianas em congressos nacionais de ESG", detalha. 
 
Para conhecer como funciona na prática, vamos viajar ao sudoeste goiano. Em Rio Verde, um dos principais municípios do Estado para a pujança do agronegócio, está instalada a maior empresa de Goiás: a Comigo, uma cooperativa formada por 50 produtores rurais que estavam dispostos a mudar o perfil da agropecuária regional e, com isso, instituíram novos conceitos de produção e também de comercialização. Instituída em 6 de julho de 1975, também foi eleita, dentre tantos títulos, a melhor empresa do agronegócio pelo Anuário Valor 1000, consolidando sua posição de destaque no setor em evento realizado em setembro de 2025.


Comigo é eleita a melhor empresa do agronegócio
no Brasil em 2025 (Foto: reproduçã0)
 
Na Comigo, o pilar Ambiental é pensando no cuidado do planeta. Neste sentido, o interesse pela comunidade se torna o grande motor para o compromisso com o planeta e a sustentabilidade ambiental. Deste modo, a atuação é pautada para a proteção dos recursos naturais, o uso consciente do solo e da água, e a busca por práticas mais verdes. Essa visão de longo prazo se potencializa pela Intercooperação, onde, ao unirem forças entre associados ou com outras cooperativas, podem compartilhar tecnologias, conhecimentos sobre manejo sustentável, certificações que adicionam valor à produção agrícola e desenvolver projetos ambientais de maior escala. 
 
Nesse contexto de celebração e visão de futuro, a cooperativa Comigo em seus 50 anos de história demonstra compromisso ambiental ao focar na otimização de recursos e na redução de impactos. A edição de 2025 da Tecnoshow celebrou o primeiro ano do evento com o selo de emissões neutras de carbono. Ainda este ano será publicado o inventário de emissões de gases do efeito estufa, um importante passo para o monitoramento e futura implantação de ações para mitigação das emissões. Além disso, a cooperativa reduziu em 40% a geração de resíduos industriais nos últimos anos e diminuiu a captação de água, por meio de reuso e tratamento de efluentes. 
 

Tecnoshow Comigo 2025 teve meta de zerar emissões de carbono (Foto: reprodução)
 
Compromisso com as pessoas é o critério Social adotado pela cooperativa. Este pilar é a essência do cooperativismo, onde o bem-estar e o desenvolvimento das pessoas são prioridade. A adesão voluntária e livre é o ponto de partida, o que garante que as cooperativas sejam inclusivas e abertas a todos que queiram participar, sem qualquer tipo de discriminação. Essa base de liberdade e escolha fortalece a participação econômica dos associados, pois ao contribuírem e controlarem o capital de forma justa, as sobras voltam para quem as gerou, promovendo uma distribuição de valor mais equitativa e beneficiando diretamente as famílias. Essa mesma preocupação com o desenvolvimento humano se reflete na educação, formação e informação, que capacita os cooperados e eleva o conhecimento e oportunidades. Por fim, todos esses esforços culminam no interesse pela comunidade, onde as cooperativas atuam como um agente de transformação social, investindo em ações que melhoram a qualidade de vida ao redor, e a intercooperação, que une para multiplicar esse impacto positivo em toda a sociedade.
 
No pilar social, a Comigo se destaca pelo investimento contínuo em seus cooperados, funcionários e nas comunidades onde atua. A cooperativa oferece ampla assistência técnica agronômica e veterinária, além de programas de capacitação para produtores rurais, incluindo os Programas de Mulheres e Jovens Cooperativistas, que já formaram mais de 800 pessoas visando a sucessão familiar e a liderança no setor. Para seus mais de 3.500 funcionários, a Comigo é reconhecida como “Great Place To Work“ - bom lugar para trabalhar. Na comunidade, a cooperativa realiza doações para entidades filantrópicas, participa de ações como o Dia de Cooperar, promove programas em escolas, incentiva o cooperativismo e a educação ambiental.  
 

Apadrinhadas pela Comigo, escolas de Rio Verde mostram
importância do cooperativismo (Foto: reprodução)

 
A forma como as cooperativas são geridas é um exemplo de transparência e responsabilidade. A Gestão Democrática pelos associados é a base da governança da Comigo, onde cada produtor tem voz e voto igualitário, garantindo que as decisões sejam tomadas de forma coletiva, transparente e alinhadas aos anseios de quem realmente vive na cooperativa. Essa participação ativa fortalece a autonomia e independência da cooperativa, assegurando que ela seja livre para seguir seu próprio caminho, controlada pelos seus membros, sem interferências externas que possam nos distanciar do objetivo de desenvolvimento econômico e social das regiões que atuam. 
 

Comigo Fortalece Práticas de Excelência em
Gestão e Governança (Foto: reprodução)
 
"Para a Comigo, celebrar, em 2025, 50 anos de história, especialmente em um ano declarado pela ONU como o Ano Internacional das Cooperativas, demonstra que o cooperativismo é um modelo de negócio capaz de unir crescimento econômico com responsabilidade social e ambiental, solidificando nossa posição de destaque no agronegócio brasileiro", descreve Antonio Chavaglia, presidente da empresa.
 

Presidente da Comigo, 
 Antonio Chavaglia (Foto: reprodução)
 
Os princípios ESG adotados pela empresa ressaltam a significância que uma cooperativa promove à comunidade, uma vez que a essência do cooperativismo é, de forma indireta, pautada na agenda ESG porque, ao contrário de modelos focados puramente no capital, o cooperativismo tem sua orientação centrada nas pessoas, visando a promoção de melhores condições de vida e renda para seus cooperados, colaboradores e comunidade, com impacto direto na valorização do meio ambiente e no desenvolvimento local.

O que não se vê 
Um outro exemplo de como o cooperativismo atua dentro dos pilares ESG é o Movimento Reciclar. Com o objetivo de superar os baixos índices de reciclagem de resíduos sólidos urbanos de Goiânia, o Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Goiânia (Codese), Sistema OCB/GO e parceiros lançaram o projeto em junho deste ano. A iniciativa estabelece metas ambiciosas: elevar o atual índice de reciclagem no município de 1,8% para 10%, até 2026, e atingir 50%, até 2033,  data do centenário da capital goiana. 

O projeto, que representa o início de um amplo pacto coletivo pela sustentabilidade, é uma parceria entre Codese, o Sistema OCB/GO, o Sebrae Goiás e o Fórum das Entidades Empresariais (FEE), com apoio de instituições públicas, privadas e acadêmicas. 
 
Segundo dados da Universidade Federal de Goiás (UFG) e da Companhia de  Urbanização de Goiânia (Comurg), na capital, são coletadas cerca de 1.200 toneladas de lixo por dia (incluindo todo tipo de material orgânico e inorgânico). Entretanto, apenas 1,8% desse total é reciclado, índice superior à média estadual de 1,7%, porém, inferior à média nacional de 4%. Abaixo também dos níveis registrados em outras capitais do Centro-Oeste, como Brasília (10,7%) e Campo Grande (3%). 
 

 (Foto: reprodução)

No ranking nacional, Goiânia ocupa a 13ª posição em reciclagem. Cidades do Centro-Sul apresentam desempenho significativamente melhor, como Florianópolis (9%), Curitiba (6%) e Porto Alegre (5%). 

Apesar de os projetos de coleta seletiva em Goiânia conseguirem separar até 5,26% dos resíduos domiciliares recicláveis, 65% desse material é devolvido ao aterro sanitário, devido ao descarte inadequado e à contaminação por resíduos orgânicos. Estima-se que 39% do lixo coletado na capital poderia ser  reaproveitado, mas acaba sendo perdido, gerando impactos ambientais, sociais e econômicos, como poluição de mananciais, contaminação do solo, proliferação de doenças e perdas financeiras que podem chegar a R$ 38,4  milhões por ano. 

O presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto Pereira, destacou que um dos maiores desafios  da iniciativa é a remuneração pelos serviços prestados por cooperativas e coletores de resíduos  sólidos. Atuando como agentes ambientais, eles oferecem um serviço essencial à população, mas quase sempre são invisibilizados, ficando à margem de políticas públicas de incentivo. 
 

Entidades assinam o acordo institucional (Foto: Joabe Mendonça/A Redação)
 
“Formado esse grupo de trabalho, vamos marcar uma reunião com o prefeito Sandro Mabel para conhecer sua posição sobre o tema. A partir disso, podemos iniciar ações em várias frentes, como a conscientização da população para a separação dos resíduos recicláveis nos domicílios e a definição de como será feito o transporte até as cooperativas, que são responsáveis pela triagem”, afirma, ao destacar que o tema é complexo e exige uma orientação clara do poder público para que se chegue à melhor solução. 
 
Por que confiar no cooperativismo?
O cooperativismo é uma forma de empreender que une esforços para o bem comum, sempre com a visão de olhar atentamente para pessoas e promover impactos positivos nas mais diferentes áreas. Em Goiás, o Sistema OCB-GO não tem medido esforços para que o modelo cooperativista se torne ainda mais referência não apenas no território goiano, mas em todo o País.
 
No Estado,  a cooperativa de crédito é muito forte, mas a de saúde, reciclagem, do agro, transportes, dentre outras, têm ganhado cada vez mais espaço e se consolidam como meio de empreender eficiente. Por meio delas, a economia gira de forma eficaz, onde não há diferença de quem tem maior renda, mas todos são iguais. Trabalha-se no desenvolvimento das pessoas, para que elas possam se engajar, se preparar e gerar renda. A união de pessoas com interesses em comum consegue muito mais do que conseguiriam trabalhando sozinhas, oferecendo muito mais para a sociedade.
 
 
 


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