A Redação
Goiânia - Esquecer pode ser um ato comum em nossa vida, mas é também um sintoma que pode revelar problemas quando se trata de um esquecimento recorrente dos acontecimentos da sua história, da sua memória recente e das pessoas de seu convívio. Por isso, neste mês Mundial pelo Alzheimer, especialistas de hospitais vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) esclarecem sobre o diagnóstico e o tratamento da doença garantidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Setembro ainda tem como ápice da campanha a data 29, como Dia Mundial da Doença de Alzheimer e Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer.
Segundo o neurologista Delson Silva, chefe da Unidade de Sistema Neurológico do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que consiste na perda de memória e de outras funções cognitivas, podendo também afetar áreas do cérebro relacionadas ao comportamento.
A doença de Alzheimer é causada pelo depósito anormal de algumas proteínas no cérebro. Por ser uma doença progressiva, esse processo vai acometendo outras áreas relacionadas à linguagem e à função frontal, responsável pelas decisões e comportamentos. Essas proteínas fazem parte do Sistema Nervoso Central, mas, no Alzheimer, há alteração que as torna tóxicas, provocando a morte de neurônios.
Problema de saúde pública
O Alzheimer faz parte de um conjunto de doenças conhecidas clinicamente como demências. “É importante esclarecer que nem todas as demências são a doença de Alzheimer. Na verdade, ela corresponde mais ou menos a 60% dos casos. Mas ela é a principal causa de doença neurodegenerativa da população, portanto, é um problema de saúde pública, especialmente com o avançar da idade no país”, ressalta Delson Silva.
O diagnóstico é feito com base no relato dos sintomas de alteração de memória, como a repetição das perguntas e relatos, e a dificuldade em reconhecer locais e pessoas. Exames complementares de ressonância magnética, tomografia e de sangue são importantes para afastar ou ajudar a confirmar qual tipo de demência a pessoa possui, por exemplo, se é a demência vascular, a frontotemporal (que atinge a parte frontal e temporal do cérebro), ou se tem outro fator que leve a alterações cognitivas, como doenças da tireóide, do fígado e infecções (neurosífilis, AIDS). Com o diagnóstico precoce do Alzheimer, o tratamento pode auxiliar na estabilização da doença.
Mais qualidade de vida ao paciente com Alzheimer e a sua rede familiar
Existem medicamentos que podem controlar os sintomas da doença e melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem com Alzheimer, garantidos pelo SUS com a necessidade do laudo de solicitação de medicamentos especializados (LME).
Porém, é importante destacar que o tratamento deve também incluir abordagens não farmacológicas, com um trabalho que envolva áreas multidisciplinares. Uma equipe completa com assistente social, enfermeiro, nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional, permite avaliação e intervenção multidimensional neste paciente e família. A Doença de Alzheimer, assim como outras demências, leva a sintomas cognitivos, psicológicos e comportamentais que causam dependência progressiva e afetam o funcionamento global do indivíduo e da sua rede familiar.
Esse atendimento multidisciplinar é garantido no HC-UFG, que conta com dois Ambulatórios de Demências para cuidar de pacientes com Alzheimer. Lá são ofertadas avaliação médica, testagem neuropsicológica e avaliação por assistente social. Os pacientes com demência são encaminhados para atendimento de Terapia Ocupacional, a fim de orientar intervenções que permitam a manutenção da independência e funcionalidade pelo maior tempo possível.
Para receber atendimento é preciso seguir o fluxo da regulação, ou seja, é preciso que o paciente busque o posto de saúde local ou Unidade Básica de Saúde (UBS), de onde será encaminhado para atendimento no HC-UFG.
É possível prevenir o Alzheimer?
O Alzheimer e as demências, apesar de uma pré-disposição genética, podem ser prevenidos com boas práticas para saúde do corpo como um todo.
O sedentarismo, o consumo abusivo de álcool, o tabagismo, a depressão, o diabetes, a hipertensão, a obesidade, o colesterol alto, a poluição do ar e o isolamento social são alguns dos fatores de risco para doenças cardiovasculares e neurológicas. Além de hábitos saudáveis na alimentação, prática de exercícios físicos, controle do sono e estresse, a prevenção consiste no hábito, ao longo da vida, de estímulos cerebrais, ao estudar, fazer leituras e jogos inteligentes.
Rede Ebserh
O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG) faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Rede Ebserh) desde dezembro de 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.